Seu time consegue ser “1+1 = 11″​ ? A importância da Elaboração Cognitiva no contexto Organizacional

Toda semana temos o privilégio de facilitar belos processos de construção coletiva em times de nossos clientes em projetos de consultoria organizacional – em alguns casos, são alinhamentos de valores, em outros alinhamentos de metas, ou ainda alinhamento de propósitos. Em todos estes casos, algo geralmente passa despercebido aos olhos e ouvidos daqueles que estão imersos no processo: o fenômeno da Elaboração Cognitiva.

Elaboração Cognitiva é agora um processo bem conhecido da neurociência aplicada à gestão de pessoas e liderança. Sabe aquele momento em sua reunião de equipe onde ocorre uma grande discussão em grupo, com diversidade de opiniões e ideias (momento em que muitos gestores começam a sentir aquele frio na barriga e tendem a evitar ou cortar a reunião), e leva-se inclusive um maior tempo até chegar a uma conclusão? Pois então, é disso que estamos falando.

Fato é que, em nosso instinto biológico (ou seja, natural) de autopreservação, sobrevivência e cuidado com nosso ego e status, a tendência da grande maioria das pessoas é evitar – ou até mesmo fugir – deste tipo de situação. Isto se manifesta de várias formas: o líder que não gera discussões saudáveis com o grupo, o grupo que evita falar de forma autêntica nas reuniões, a fuga de mostrar opiniões contrárias, a ausência de discordâncias respeitosas entre as partes, apenas para citar alguns exemplos.

É exatamente aqui que a Elaboração Cognitiva sofre: por não se tratar de um processo automático tampouco confortável, a maioria do Líderes Organizacionais não sabe como conduzir uma reunião que privilegie este processo produtivo e criativo com suas equipes.

Uma pena, pois sabe-se que times diversos praticando a Elaboração Cognitiva acessam muito mais ideias, e por isso criam soluções que evitam pontos cegos na tomada de decisão do líder (ou seja, escapam do “viés da confirmação” – aquele momento típico de uma equipe que pensa tão parecido ao ponto que as ideias são sempre iguais e basta alguém expor sua opinião e logo todos confirmam concordar com ela).

Nova competência organizacional

Percebe como este é um skill essencial para líderes atualmente? Fazer a gestão de times diversos (em ideias, etnias e qualquer outro critério de diversidade) não é nada trivial, mas é sim uma habilidade que pode ser desenvolvida. Inclusive, tenho percebido, em nossas práticas de consultoria e coaching organizacional, como gestores com maior Inteligência Emocional se dão melhor nesta interessante tarefa de liderar não só na adversidade, mas também na diversidade presente em seus times, e com isto fazer avanços em termos de inovação e resolução de problemas.

E veja como há benefícios para todos os envolvidos: praticar a Elaboração Cognitiva em seu time cria estímulos extremamente positivos ao nosso cérebro social, que tem suas necessidades de relacionamento, identidade e empatia atendidas em reuniões onde o líder é um verdadeiro “maestro” e facilitador deste processo, quando bem conduzido. Ou seja: seu time estará mais motivado, engajado e participativo. É um verdadeiro ciclo virtuoso.

De fato, este é o real motivo pelo qual o QI (Quociente de Inteligência) de um time pode ser maior do que a soma dos QIs individuais das pessoas deste mesmo time. Sabe aquela expressão “1+1 = 11”?  Times mais inteligentes são assim porque conseguem ser mais inclusivos, geram mais ideias, tomam diferentes perspectivas em consideração e fazem questão de ouvir profunda e empaticamente a cada um que pertence ao grupo.

Por onde começar?

Se você gostaria de levar seu time a abordar problemas através de perspectivas mais diferentes, produzir mais caminhos alternativos e melhores soluções para atacar os problemas e desafios constantes, e percebeu que ainda não pratica de forma consciente a Elaboração Cognitiva, aí vão algumas dicas:

1.      Pergunte a si mesmo se o seu time é realmente diverso em termos de cultura, experiências e ideias, e procure explorar este potencial do grupo nas próximas reuniões, ou compensar aos poucos trazendo referências externas (notícias e artigos com opiniões diferentes), ou mesmo novas contratações.

2.      Explique a todos sobre o ambiente seguro que quer proporcionar para que cada um externalize suas opiniões.

3.      No começo pode parecer estranho, poucos podem ainda se abrir a falar, e mesmo que falem, ainda podem ser falas rasas ou sem tanto conteúdo. Seu papel como líder é perseverar e insistir! Com o tempo, as pessoas ganharão ainda mais confiança, se sentirão mais confortáveis e irão contribuir melhor com o processo.

4.      Pratique a empatia, leia os sinais não-verbais (caras e gestos de pensamento, reflexão e discordância em seu time) e provoque a discussão saudável. Muitos precisarão daquele “empurrãozinho” inicial para se colocar de forma autêntica e compartilhar seu potencial cognitivo a favor da discussão na equipe.

5.      Dê um limite de tempo para que o grupo chegue a uma conclusão: use o senso de urgência como aliado ao processo cerebral criativo do grupo!

Em um mundo com mudanças tão rápidas e constantes, a única certeza que temos é de que somos limitados em termos de ideias e soluções enquanto indivíduos, mas somado ao potencial bem utilizado de um time, ganhamos mais olhos, ouvidos e cérebros. Um viva à diversidade de experiências e opiniões, e aos líderes que sabem fazer bom uso delas!