O fenômeno coaching ou “todos querem ser felizes”.

O coaching foi, durante muito tempo, uma ferramenta de desenvolvimento de executivos de alta performance. Era uma exclusividade, uma consultoria específica, estritamente recomendada para quem necessitava desenvolver suas habilidades de liderança ou enfrentar mudanças na organização como uma aquisição, uma nova gestão ou um downsizing.

Aliás, a origem da palavra “coach” está na função do cocheiro, ou condutor, que eram remunerados para o transporte de passageiros entre cidades ou países. Com o tempo, o coaching (palavra inglesa mas de origem francesa) ganhou a conotação de treinador nos esportes ou mentor, aquele profissional responsável por conduzir uma pessoa ou um time a conquistar uma posição mais elevada na carreira, um cargo de liderança, uma postura mais positiva na vida.

É fácil observar que o escopo de atuação do coach está se tornando cada vez mais abrangente. Segundo a revista HBR (Harvard Business Review), a prática do coaching é a mais empregada para a formação de liderança em 48% das empresas. A NASA – sim, ela também enfrenta problemas de liderança, adotou os programas de coaching como forma de buscar soluções eficientes para seus problemas de gerenciamento. As consultorias de coaching pipocam e muitos profissionais, que até então não trabalhavam na área, estão se apresentando como “coaches”. Mas qual a explicação para esse “boom”?

Você tem fome de quê?

Um dos motivos mais fortes para esse fenômeno, que nos últimos 4 anos, teve um crescimento de 300%, é a pressão por resultados. Em um cenário de dificuldades, onde a cobrança e performance são constantes, o coaching passou a significar a “fórmula mágica” que resolveria todos os problemas que o RH não consegue sozinho. Exageros à parte, o coaching trabalha os aspectos humanos que a formação técnica não consegue suprir. Pós-graduações, MBAs e especializações são cada vez mais comuns entre os colaboradores. É quase uma obrigação ter um ou mais diplomas desse porte. E o estudo das emoções? Sem demérito aos diplomas, diante de certas dificuldades do dia a dia, a formação intelectual se mostra insuficiente diante da necessidade de ser feliz, de conquistar mais satisfação pessoal.

As empresas têm preferido contar com a gestão de coaching do que as consultorias tradicionais para aumentar a capacidade da força de vendas, formar lideranças, promover eficiência ou utilizar melhor o tempo.  Em sua concepção básica, uma consultoria entrega as soluções prontas enquanto o coaching oferece estratégias para canalizar as ações e energias de cada pessoa na busca de seus objetivos. Fácil perceber porque o fenômeno coaching tem se alastrado com tanta velocidade, não? É importante dizer que não existe milagre nem fórmulas prontas. O processo de coaching demanda a vontade de quem escolhe trilhar esse caminho. Ou seja, o colaborador deve estar disposto a aceitar a mudança de padrão mental a que se propõe sob o risco de perderem tempo (funcionário) e dinheiro (empresa). Um processo de coaching nunca deve ser imposto.

A neurociência é incansável na busca por desvendar os mecanismos de compreensão dos gatilhos emocionais. Não somente a comunidade científica mas também quem contrata está de olho nesse campo do conhecimento. Tão ou mais importante que a formação acadêmica do candidato, saber relacionar-se melhor consigo mesmo e com as pessoas com as quais convive é uma competência cada vez mais exigida e valorizada. O coaching trabalha exatamente nessa seara: conhecer, expandir e explorar nosso quociente emocional, por meio de técnicas e ferramentas específicas para despertar e fazer uso consciente das emoções com foco nos objetivos da organização.

O coaching, orientado por profissionais idôneos e capacitados, pode e deve fazer parte das organizações como um fator de produtividade e desempenho com resultados surpreendentes. Em um mercado em constante evolução, é preciso identificar as tendências e aproveitar o que de melhor está à disposição de empresas e colaboradores, com ganhos para ambas as partes.

Por Fernando de Arteaga