Como lidar com Chefes Disfuncionais

Recentemente, em um artigo da INSEAD Business School sobre os 4 tipos de Executivos Disfuncionais, alguns números alarmantes me chamaram a atenção:

  • quase 50% dos Americanos tem algum tipo de problema psiquiátrico ao longo da vida
  • na Ásia, este número é de 25%, enquanto na India, cerca de 14%

No Brasil, sabemos que pelo menos 20% de pessoas (como eu e você) é acometida por depressão, crise de ansiedade, algum tipo de compulsão, esquizofrenia ou transtorno bipolar.

Além disto, 39% dos executivos no Brasil se reconhecem estressados diariamente! Isto lhe parece familiar quando observa seu ambiente de trabalho?

O que deveria mais chamar a atenção aqui, em minha opinião, é que dados de saúde pública como estes afetam diretamente o mundo corporativo, pois tais condições mentais transpassam a barreira da vida pessoal para a profissional – aliás, acredito que boa parte delas tenha sido originada no ambiente de trabalho para depois tristemente se espalhar por outras áreas da vida das pessoas.

Portanto, chefes e executivos de modo geral também fazem parte desta realidade.

Os autores do artigo a que me referi no início afirmam que “colegas de trabalho, coaches e mentores podem ajudar a minimizar os impactos causados por tais condições no ambiente de trabalho“, e relatam 4 tipos mais comuns destes transtornos juntamente como possíveis ações de contenção:

  1. Executivo Narcisista. Característica: mania de grandeza extremada, egoísta. Desafio: receber feedback de forma transparente e sincera pois tem tendência a desviar-se de mensagens que lhe causem desconforto ao ego. Dica de ação: Feedback em grupo costuma ser mais efetivo para este caso, e saber aproveitar o momento certo para tocar em assuntos delicados, sem forçar mais do que o momento permite.
  2. Executivo Bipolar. Característica: mudanças bruscas no humor. Desafio: afeta a capacidade de resiliência, o que geralmente o leva a microgerenciar tarefas do time para controlar tudo que for possível. Isto cria inclusive um círculo vicioso, pois irá agregar mais responsabilidade e aumentar o stress para si próprio. Dica de ação: Exercício diário de delegar para sentir-se mais leve no dia-dia.
  3. Executivo Psicopata. Característica: não cria empatia verdadeira com o time. Desafio: mestres em manipular pessoas. Assim como líderes de cultos fanáticos, conseguem galgar posições devido a uma imagem de autoconfiança e sucesso. Dica de ação: uso de feedback 360 para colocá-lo em um beco-sem-saída que implica na necessidade de reconhecimento da melhoria de comportamento e ação efetiva através de um rigoroso monitoramento.
  4. Executivo Obsessivo-Compulsivo. Característica: perfeccionismo e detalhismo extremado, exigência por altíssimo nível de qualidade. Desafio: Falta de flexibilidade em relacionamento interpessoal. Precisam ter feedback sobre como são percebidos pelos outros. Dica de ação: feedback individual sobre seu impacto no meio, e aprender a usar o “bom suficiente” ao invés do “perfeito”. Além disso, usar parte da energia do perfeccionismo para direcionar ao lado familiar e social, buscando assim um equilíbrio que geralmente falta a este perfil.

Concordo com os autores que há muito que se pode fazer para ajudar estas pessoas no mundo organizacional, e que precisamos quebrar barreiras para abordar estes assuntos no ambiente de trabalho. Vejo que isto pode inclusive motivar a procura de auxílio médico por tais executivos, e evitar que problemas maiores sejam escalonados na saúde da equipe e no resultado da empresa como um todo.

Vamos divulgar?

Rodrigo Collino – Managing Partner at TOTAL Corporate